Pressão Atmosférica
Em 1654, o burgomestre de Madgeburgo, Otto von Guerick, lembrou-se de pegar em duas meias esferas de metal, ocas, com cerca de 80cm de diâmetro cada uma, e uni-las uma à outra, selando a união com uma banda de couro. Umas dessas meias esferas tinha uma espécie de torneira que permitia a entrada ou remoção do ar dentro da esfera. Usando uma bomba de ar, removeu todo o ar de dentro da agora esfera completa, tapando a torneira de imediato, criando, assim, um vácuo no seu interior. De seguida atrelou 2 cavalos (1 de cada lado) a umas pegas laterais existentes na esfera. Incitou os cavalos a afastarem-se da esfera a toda a força. Porém, os cavalos não conseguiram abri-la. Depois disto, atrelou mais dois cavalos, e mais dois cavalos, e mais dois cavalos... só conseguindo abrir a esfera com a força de 8 cavalos de cada lado. Bolas! Porquê?
A pressão atmosférica é a força exercida pelo ar num determinado local. E posso dizer que essa força é enorme. Quando mais denso for o ar, maior a pressão atmosférica. Se quiserem fazer uma experiência de trazer por casa, encham uma garrafa de água e uma tina com metade de água, tapem o gargalo da garrafa com o dedo e virem-na para baixo, introduzindo o gargalo dentro da água da tina. A água da garrafa desce um bocado, mas a garrafa não vaza totalmente. Isto, porque a pressão atmosférica exercida sobre a água da tina é igual ao peso da água que permanece dentro da garrafa.
O vácuo deixado no fundo da garrafa (agora virado para cima, uma vez que a garrafa está virada ao contrário) também é proporcional à pressão atmosférica. Todos estes elementos tendem a equilibrar-se. No entanto, se, antes de virarmos a garrafa para dentro da tina, introduzíssemos uma mangueira no gargalo e, depois de a virarmos, lhe tentássemos retirar o ar, a garrafa começaria a encolher, porque estaríamos a desequilibrar o vácuo com a pressão atmosférica existente sobre a água, na tina.
Pois é, se julgavam que o facto dos 16 cavalos não conseguirem separar as duas meias esferas, era por causa de que uma sugava a outra, estão esfericamente enganados. O que se passou foi que, a pressão atmosférica exterior à esfera estava a tentar compensar a falta de pressão atmosférica dentro desta. E como a força exercida pela dita pressão é proporcional à falta desta, uma vez que se equilibram, a força exercida sobre a esfera era astronómica.
Com o aumento da altitude, o ar torna-se mais rarefeito, diminuindo, assim, a pressão atmosférica. Este facto produz um efeito engraçado no que concerne a ferver a água. Como todos sabemos a água atinge o ponto de ebulição à temperatura de 100ºC. Isto acontece porque a parte de baixo do recipiente onde está a água aquece por influência da fonte de calor (chama, por exemplo) chegando a um ponto em que a parte de baixo da água se transforma em gás (evaporação). Ora, como o vapor de água é mais leve que a água no estado liquido, aquele tende a subir até à superfície, para se misturar com o ar.
Uma vez que a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude, então o vapor de água produzido pelo aquecimento sobe mais depressa, já que a força exercida pela pressão atmosférica é menor, provocando a ebulição muito antes de se atingir os 100ºC. Portanto, se decidirem fazer uma sopinha no Everest, deixem cozer muito bem, ou arriscam-se a comê-la crua e fria.
A pressão atmosférica também ajuda na previsão do estado do tempo. Como a incidência dos raios solares, nas zonas polares, é obliqua, estas não aquecem o suficiente. O ar, em contacto com o solo gelado, contrai-se, originando assim altas pressões. Com a influência dos ventos, estas altas pressões deslocam-se muitas vezes para sul, provocando muitas vezes frio e chuva. À medida que um sistema de altas pressões se dirige para sul, o ar vai aquecendo, derretendo os cristais de gelo formados nas nuvens, causando assim pluviosidade ou queda de neve.
Já nas zonas equatoriais, uma vez que os raios solares são perpendiculares, o solo aquece muito mais, fazendo com que o ar, ao aquecer, se expanda, ficando assim mais leve e gerando, assim, um sistema de baixa pressões. Este mesmo ar sobe até uma altitude em que as temperaturas são mais baixas e arrefece novamente, criando um sistema de altas pressões, fazendo com que desça de novo. Este fenómeno chama-se anticiclone, como o dos Açores, como muitos já ouviram falar.